Estou em luto minha gente...
Passei um bom tempo tentando capturar algumas gaviotas em minhas fotografias quando estavamos em Valdés, e agora estão sendo assassinadas. Que fase. Uma homenagem à elas, ja que as baleias não estavam lá naquele dia!
O governo da província argentina de Chubut, na região da Patagônia,
iniciou nesta semana uma operação de abate de gaivotas que estão ferindo
e, provavelmente, provocando a morte das baleias no centro turístico da
península Valdés, conhecido como local de acasalamento e berçário do
mamífero.
"Esse problema entre as gaivotas 'picadoras' (que mordem) e as baleias
existe há mais de 20 anos, mas agora decidimos enfrentar a situação, que
está afastando as baleias daqui", disse à BBC Brasil o secretário de
Ambiente e Controle de Desenvolvimento Sustentável, Eduardo Maza.
Segundo Maza, haverá um abate seletivo das gaivotas apontadas como
possíveis responsáveis pela morte de cerca de 60 baleias nos últimos
anos.
Maza afirmou que estudos preliminares indicaram que as baleias morrem
pela infecção provocada pelas feridas deixadas por estas aves.
A operação de abate envolve lanchas especiais com atiradores com armas
carregadas de balas de ar comprimido e biólogos que vão agir longe da
área frequentada pelos turistas.
"Nós vamos passar algumas horas na lancha observando quais gaivotas
estão atacando as baleias, e um especialista em tiro de caça as
derrubará. Serão eliminadas somente as gaivotas que atacam as baleias",
disse o biólogo Marcelo Bertellotti, do Centro Nacional Patagônico, com
sede em Puerto Madryn.
Detalhes
A operação deve durar entre 30 e 60 dias, dependendo dos dias hábeis
para a navegação. Em uma segunda etapa, as gaivotas abatidas serão
analisadas em laboratório, para tentar descobrir por que agem contra as
baleias.
"Estamos observando estas ações desde 2005 e vemos que antes as
gaivotas atacavam as baleias mortas, mas agora também agem contra as
vivas", disse o biólogo.
As primeiras informações, divulgadas pela imprensa local, indicaram que
forças policiais agiriam contra as gaivotas, gerando críticas da
oposição.
"A polícia deve agir contra a delinquência, e não contra gaivotas", disseram opositores, segundo a imprensa de Chubut.
Autoridades e especialistas de Chubut afirmaram que foram, então,
convocados profissionais de tiro ou de caça para o combate aos pássaros -
cientificamente chamados de gaivota larus dominicanos e popularmente
conhecidas na Argentina e no Uruguai como "gaivota cozinheira".
Maza observou que a operação só deverá continuar se mostrar que foi efetiva contra as gaivotas violentas.
Comportamento
Com medo dos ataques, as baleias estão mudando o comportamento.
"Pela dor provocada pelas feridas, as baleias estão nadando mais
rápido, estão passando mais tempo submersas e produzindo saltos de forma
mais intensa. Tudo para se proteger das ações das gaivotas
'cozinheiras'", afirmou o ambientalista Alejandro Arías, da ONG Vida
Silvestre.
Segundo os especialistas, a baleia já não mostra o dorso inteiro com a
mesma frequência de tempos atrás para buscar oxigênio fora da água.
"A ação das gaivotas está provocando uma espécie de estresse nas
baleias, que, em vez de estarem cuidando da cria, estão atentas a como
se proteger dos ataques", disse Arías.
De acordo com Maza, a decisão de combater as gaivotas foi tomada em um
auditório com a participação de autoridades, cientistas, setor de
turismo e organizações não-governamentais (ONGs).
O problema é outro
Mas a medida ainda gera ressalvas. A Vida Silvestre entende que a raiz
do problema é outro - os lixões e os restos de pesca jogados pelos
pescadores ao mar que atraem estas gaivotas.
"A ação contra as gaivotas é superficial, não é a questão de fundo", disse Arias.
Em um comunicado, outra ONG, a Fundação Patagônia Natural, disse que é
"a favor da eliminação seletiva (das gaivotas) e dos lixões a céu
aberto" que atraem a ave e que "é preciso avaliar a eficiência do
projeto piloto" do governo.
Autoridades disseram que o "combate aos lixões e aos restos da pesca"
também estão nos planos de ação para proteção do mamífero.
Segundo o jornal El Chubut, "atualmente todas as baleias do local estão com feridas de gaivotas".
Turismo
A península Valdés é conhecida internacionalmente como ponto de
concentração da baleia Franca Austral e atrai cerca de 100 mil turistas
por ano.
Especialistas explicam que a baleia chega ao local entre maio e dezembro para acasalamento e nascimento dos mamíferos.
Entre 50 e 80 baleias nascem todos os anos na reserva natural - uma das maiores do mundo.
No passeio pelo local, alguns guias turísticos costumam contar detalhes
do comportamento da baleia - o acasalamento dura apenas alguns minutos e
a baleia dá "maior prioridade" à cria do que à relação "de casal".
No passado, a baleia franca foi cassada quase até a extinção, recordou o
biólogo argentino. Agora, está protegida por leis internacionais e em
fase de multiplicação no mundo.
Na Argentina, é também considerada "monumento nacional" e podem chegar a
ser milhares a visitar a península Valdés durante o ano todo.
Valdés, Sdd! ;/
Fonte: UOL